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A felicidade

  • Foto do escritor: Beto Scandiuzzi
    Beto Scandiuzzi
  • 17 de dez. de 2021
  • 2 min de leitura

O que é a felicidade? Segundo Platão, o filósofo grego devoto da razão, ser feliz é definir e desejar o belo e obter meios para alcançá-lo. Já Santo Agostinho, que parece sabia de tudo, é a busca das verdades que estão em Deus, que é o ser supremo e grandioso. Segundo Houaiss, para ficar entre mortais, é a qualidade ou estado de feliz, satisfação, contentamento.

Estudiosos de todas as matérias ao longo dos tempos se debruçaram sobre esse tema, gastando horas e horas, sem que um veredito unânime pudesse ser escrito. E se o conceito é difícil de explicar, a pergunta que salta é: como podemos ser felizes?

Alex Korb, um neurocientista e escritor americano, cita cinco hábitos que poderiam nos ajudar a ser mais felizes:

– Ouvir músicas da época mais feliz da nossa vida;

– Pensar sobre objetivos muda a forma como você vê o mundo;

– Ter uma boa noite de sono;

– Saber como a neurociência pode vencer a procrastinação;

– Sorrir e usar óculos escuros;

Algumas sugestões são óbvias como uma boa noite de sono ou ouvir músicas de épocas felizes, outras são complicadas, como vencer a procrastinação, palavra feia e significado duvidoso. Foi assim que decidi me concentrar na última sugestão: sorrir.

Quase todos os dias levo e busco meus netinhos ao colégio e, pensando no Korb, resolvi fazer uma experiência: em cada semáforo que parávamos, baixávamos o vidro do carro, olhávamos para a pessoa no carro parado ao lado e sorríamos. Um sorriso largo e amigável. A maioria das pessoas, num princípio alheias, olhando o nada, pensando nos problemas, checando o celular, se surpreende. Porém, em seguida, numa reação imediata, balançam a cabeça, abrem um sorriso e levantam o polegar. Segundo Korb, quando você se sente feliz você sorri e, se estou sorrindo, significa que sou feliz. O mesmo se pode dizer das pessoas dos carros ao lado.

Le Corbusier, franco-suíço e um dos maiores arquitetos do século XX, morreu em 1965 na Côte d’Azur francesa, numa praia pequena, deserta, com uma costa rochosa, uma ponta do mar avançando sobre a terra e onde ninguém sabia quem ele era. Era chamado “o velho” e nesse lugar havia passado seus últimos dezoito verões numa casa humilde e pequena de madeira. Ele, que havia desenhado tantas casas maravilhosas mundo afora. Relatam os amigos que ele dizia passar ali os momentos mais felizes da sua vida. Naquele dia da sua morte, uma manhã de sol radiante, ele havia ido à praia como todas as manhãs, roupa de banho, um gorro na cabeça e uma toalha no ombro. Deve ter olhado por uma última vez, distante, o perfil das colinas da linda Riviera Italiana. Le Corbusier quase não sorria, mas ali naquela praia era feliz, à sua maneira. Sem a necessidade de óculos escuros.

Dezembro, 2021

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