A urina
- Beto Scandiuzzi
- 14 de mai. de 2021
- 2 min de leitura
Se você entra no Google, fonte inesgotável de informações para desocupados e afins, encontrará resposta para qualquer coisa. Eu, que vira e mexe faço parte desse grupo, talvez como subsídio para uma crônica, talvez influenciado pela crônica de um amigo publicada no Correio, numa dessas manhãs de lockdown, escondido do vírus, digitei a palavra bizarro. E esperei. É rápido. Podem imaginar a quantidade de informações que apareceu.
Bizarro, segundo o Houaiss, é tudo aquilo que é esquisito, estranho, excêntrico, fora do comum. Se volto ao Google e sigo investigando, encontro as mais extravagantes bizarrices que o bom senso e a paciência poderiam suportar: notícias, feriados, doenças, manias, casas e até critérios de desempate usados no futebol. E também sobre a urina.
Diz a lenda que na ilha de Ons, Pontevedra, Espanha, onde nasceu o avô Manoel, para facilitar o parto a mulher tinha que beber a urina de um homem virgem. Não sei quão difícil era encontrar um homem virgem naquela época, mas é possível que muitas mulheres tenham sofrido dores adicionais enquanto tal virgem não aparecia. Já na antiguidade, era costume usar a urina como dentifrício para lavar os dentes. Esse hábito foi descoberto pelos romanos quando conquistaram a península ibérica junto aos povos do norte. A urina de Lusitânia, assim se chamava, chegou a converter-se num bem muito apreciado e comercializada a bom preço na metrópole romana. Também se usava nessa época para branquear a roupa, séculos antes de que alguém inventasse o anil e o quaradouro.
Recentemente li no jornal que cientistas de vários países estudam outras formas da utilização da urina. Uma das boas razões é que se trata de fonte inesgotável, enquanto houver humanidade haverá urina. Com o advento dos robôs, já não sei como será a história. Destaco algumas dessas pesquisas: regar cultivo de alface e cenoura, fabricação de dentes, carregadores de celulares e outros dispositivos, combustível à base de hidrogênio. Fora uma outra que já é realidade: nas missões espaciais os astronautas já usam a própria urina, ou dos colegas de viagem, como água.
Interessante não encontrar no artigo nenhuma referência ao mais antigo uso da urina: o medicinal. Basta fazer uma infusão de urina com fumo de corda desfiado, de preferência goiano, colocar sobre os machucados, principalmente aqueles causados por objetos enferrujados. Evita a inflamação e o tétano. Se você não acredita é só ir lá no lugarejo onde eu nasci e perguntar aos antigos moradores. Já não existem muitos, mas com certeza um ou outro haverá de se lembrar.
Março, 2021
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