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As caçadas em Aramina

  • Foto do escritor: Beto Scandiuzzi
    Beto Scandiuzzi
  • 14 de mai. de 2021
  • 2 min de leitura

Eu não saberia dizer se buscavam fonte de carne, a beleza dos chifres para exibirem na sala como troféus ou simplesmente passar o tempo. Talvez, uma combinação das três. O certo é que a caça ao veado-campeiro era uma das diversões preferidas daqueles italianos, alguns já nascidos no Brasil, no início do século passado por aquelas bandas de Aramina que recém engatinhava na sua formação como lugarejo, depois como cidade, nascida com a estação de trem da Mogiana. Rodeada de extensos cerrados, habitat natural, aliado aos seus hábitos diurnos, além de ser manso, o veado era presa fácil para as cartucheiras dos caçadores.

Era o que contava Luiz Torrezan Sobrinho numa crônica antiga, deliciosa, intitulada “Os tempos que se foram”, que tomo a liberdade de reproduzir a seguir:

“Ficaram bem longe os tempos que os caçadores de veado caçavam.  Ao chegar no mato, primeiro

tinham que encontrar os rastros por onde os veados pisavam.  Os cachorros farejavam e logo partiam

em busca dele com a ajuda do faro.

Quando os cachorros encontravam, latiam tanto, parecia que até choravam, latiam sem parar.

O latido dos cães, admirado pelos caçadores, era chamado de toque, o qual admiravam muito.

Era o que eles mais gostavam.  Caçavam no município de Aramina.  Naqueles tempos os cerrados do

Paraíso, Aramina, Canindé e Ituverava eram mata que barranqueava o Rio Grande e atravessava a Estrada

de Ferro Mogiana chegando até Buritizal.

Todos os domingos saiam de madrugada e só voltavam à noite.  Os cachorros eram da raça veadeiros,

cada caçador levava dois cachorros na trela, as cartucheiras calibre 16, e os cartuchos eram carregados

com chumbo grosso.  Cada caçador ficava na espreita a espera do veado.  Costumava passar e ao

passar o caçador atirava, mas o veado dava pulo na carreira de até 10 metros de medo dos cachorros

que vinham atrás latindo.  O caçador não conseguia acertar, só via o vulto do veado, muitas vezes se

perdiam na mata, então tocava o berrante e dava tiros para o ar, e os companheiros ouviam e

tocavam o berrante e mais tiros pelo ar, e, assim os localizava.  Quando pegavam o veado, era repartido

para os cachorros e pelos caçadores.

                        Da esquerda para direita na foto tirada em Aramina em 10 de janeiro de 1924, os caçadores: Guilherme

Mioto, Bepim Bonomi, Ermenegildo Scandiuzzi, Leonel Scandiuzzi, Paulo Scandiuzzi, Antônio

Scandiuzzi Filho, Antônio Torrezan e Dante Scandiuzzi.

                        Essa história escrevi justamente como meu pai me contava.”

Luiz Torrezan Sobrinho foi o primeiro escritor de Aramina. Escreveu vários livros e publicava

nos jornais da região. Na foto, Antônio Torrezan era seu pai, casado com Teresa Scandiuzzi,

filha do capitão Scandiuzzi; Hermenegildo Scandiuzzi, mais conhecido por Gildo, era meu avô paterno.

Abril, 2021

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