Meu time de futebol
- Beto Scandiuzzi
- 6 de set. de 2018
- 2 min de leitura
Meu time de futebol
Revirando as coisas da minha mãe, encontrei algumas fotos da minha infância. Umas poucas, já que os tempos eram de vacas magras, e as fotos estavam para os dias especiais, de gala, como casamentos, batizados, etc.
Olho uma por uma, todas em preto e branco, agora amareladas pelo tempo, e lembranças lindas afloram a minha mente, como se tudo houvera passado ontem. Mas já passaram tantos anos. Quase todos!
As fotos da minha primeira viagem a Brodowski, do casamento da minha irmã, do meu time de futebol. Ah, aí estava a foto do meu time de futebol daqueles tempos. Lembro-me desse dia, uma manhã de domingo de primavera, estádio Juvenal Campos lotado, um clássico regional contra o eterno adversário, o Buritizal F.C.
Eu gostava de jogar contra eles, com sua camisa verde-esmeralda, igual à do Palmeiras. Vencê-los, então, era uma alegria que se podia seguir desfrutando por várias semanas. Nosso time tinha uma camisa vermelho-encarnada, com uma faixa branca transversal igual à do Vasco da Gama, e um escudo com uma cruz floreada do lado esquerdo.
Olho bem a foto, lembro-me de cada um e posso escalar o time de olhos fechados: Sinomar, Marinho, eu, Valtinho, Jorjão, Nelson, todos em pé, sérios como guerreiros romanos à espera da próxima batalha. Durval, Carlinhos, Ailton, Eustáquio, Clóvis, agachados, uma linha de ataque infernal comandada pelo Ailton, loiro e forte como um touro selvagem e temido pelas defesas adversárias.
Olho para mim, cara lisa, sorriso de moleque, pose de galã de cinema e lembro-me do meu sonho de ser jogador de futebol, sonho que ficou pelos caminhos da vida. Olho para o Nelson, segurança e elegância no nosso gol, olho para o Sinomar, Eustáquio, Carlinhos que se foram e nunca mais deram as caras. Para o Valtinho, um corintiano apaixonado, o Clóvis, que vivia em frente à nossa casa, fominha por futebol, olho para o meu amigo Durval, amigo de toda a vida.
Olho para o meu amigo Jorjão, cara de bravo, coração de gigante, cabelo de fogo e que se foi outro dia deixando saudades e um imenso vazio. Com o jogo ainda pela metade e sem substituto. Os amigos não têm substitutos. Nunca.
Março, 2009
PS: Poucas semanas atrás encontrei o Sinomar, nosso beque central, depois de mais de cinquenta anos. Uma alegria imensa. Na mesma semana, uma tristeza, se foi o Nelson, nosso goleiro de defesas impossíveis. Que ele descanse em paz.
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