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Notas de viagem Itália 2014 Parte 2

  • Foto do escritor: Beto Scandiuzzi
    Beto Scandiuzzi
  • 5 de out. de 2018
  • 4 min de leitura
  1. Florença

  2. Por primeira vez, aí estava nesta cidade de papas e capital do renascimento, terra natal de Dante e Michelangelo. Mas a imagem que me vinha à cabeça era a da ponte Vecchio sobre o rio Arno. Quantas vezes havia visto esta foto. E foi o que primeiro buscamos. Esplendorosa vista.

Mas à medida que seguíamos caminhando, não me cansava de lembrar que por aqui passou, nos anos 80, meu ídolo Sócrates na sua breve passagem pela Fiorentina. Posso imaginá-lo, caminhando por estas ruas de pedras discutindo com Dante o inferno, o purgatório e o paraíso. E algumas pinceladas com Michelangelo.

  1. Veneza

  2. Da primeira vez que cheguei à Praça São Marcos, tive o mesmo pensamento, a mesma lembrança. La pelos anos 60, Paulo Bortoletto e a Dona Rosinha, das famílias mais antigas e ricas da minha Aramina, visitaram a Itália. Quando ele voltou, juntou a gente no clube e mostrou as fotos projetadas numa parede. Não sei porque, me ficou só uma na memória, eles na praça de São Marcos com as pombas ao redor.

  3. A vista do alto do campanário é algo imperdível. Aí estão os cinco sinos, campanários, incluindo o Marangona, o maior e mais antigo, aquele que toca cada vez que um veneziano entra pela praça e que havia tocado quando aqui cheguei por primeira vez uns anos atrás. Enquanto olhava a vista o olhei e me deu a impressão que ele me deu uma piscadela.

  4. O Caffé Florian continua la vendendo seu charme de quem tem centenas de anos; o café expresso continua caro, eu pensava nisto quando uma das orquestras da praça, não a do Caffé Florian, a do Gran Caffé Quadri, tão charmoso e quase tão antigo como o Florian, começa a tocar Gabriel’s Oboé, tema principal da trilha sonora do filme A Missão, dum inspiradíssimo Ennio Morriconi. Impossível evitar umas lágrimas furtivas. Depois tomamos um expresso, a preço normal, no Gran Caffé Quadri, claro.

  1. Treviso

  2. Já de saída da visita à catedral encontramos numa das laterais uma imagem de um tal São Laughin. A pressa e a ignorância me levam a confundi-lo com o São Longuinho, aquele que ajuda a achar as coisas perdidas em troca de três pulinhos, assim aprendi da minha mãe. Igualmente o São Laughin, até então desconhecido, mereceu minhas preces e agradecimentos. E uma vela.

  3. Padova

  4. Impossível ir à Itália e não visitar Padova, a cidade que guarda o corpo de santo Antonio, padroeiro da minha Aramina. Os daqui chamam a cidade dos três sem: do santo sem nome, porque para os padovani, é simplesmente “o santo”. Ninguém diz Santo Antonio. Todos sabem de que santo se trata. Do café sem porta, Caffé Pedrochi, centenário, lindo, que diz a história, num princípio tinha portas e janelas abertas. E a piazza Il Prato della Valle, a maior de Itália. Prato significa prado, céspede, grama, e grama aí havia pouca principalmente naquele dia tomada por vendedores, um verdadeiro camelódromo sul americano.

  5. Verona

  6. A cidade é das mais bonitas, a arena é linda, mais antiga que o Coliseo, e bem conservada, mas a casa de Julieta é puro merchandising. E na Piazza Bra, centro histórico, em frente à Arena, num casario construído um ao lado do outro, colorido e elegante, noto uma placa ao lado de uma janela indicando que dali falou Garibaldi, um dos maiores responsáveis pela unificação da Itália. Contra as dinastias não italianas e os Estados Pontífices vigentes.

  7. Choveu quando voltávamos para a estação, e o guarda chuva chinês que na ida, com sol, valia € 2,0 com a chuva passou a € 5,0. Os espertos andam por todo lado.

  8. Veneza – Mestre

  9. O nosso hotel estava a um passo da estação de trem. Talvez por isto o bar do hotel à noite estava sempre cheio. Provamos o bar no primeiro dia e ficamos fregueses. O garçom se chamava Moreno e era o tio Geraldo escrito, no físico e nos gestos, incluindo uns óculos bifocais. Ficamos amigos. Ele nos ensinou a beber Spritz, que nos cobrava, e nos presenteava os petiscos, presunto cru, queijo parmesão Grano Padano, paninos. Infelizmente não vamos poder retribuir tantas gentilezas, ele me olhava e dizia, “Humberto, portami una ragazza de Brasili per favore”.

  1. Milão

  2. Eu conhecia a foto da internet: Mussolini, sua amante Claretta Petacci, e outros companheiros mortos, e pendurados de cabeça para baixo num posto de gasolina na Piazzale Loreto di Milano. Vi que a praça estava próxima do hotel. Fomos em busca dela. Encontramos a praça, mas não havia nada que identificasse este fato meio macabro, mas histórico. Ou se havia, não estava à vista.

  3. Na viagem de trem a Milão, logo que passou Verona, comecei a esperar Brescia, cidade que visitei varias vezes e tenho amigos. Para minha surpresa, o trem para em Desenzano Del Garda. Nunca tinha ouvido falar do lugar. Olhando o Google, li que esta cidade, é porta de entrada para o lago di Garda, o maior da Itália, aos pés dos Alpes e importante destino turístico europeu. Li também que aí tem uma torre, de San Marcos, que dizem as más línguas, era o refugio secreto de Mussolini e sua amante Claretta Petacci, muito antes de serem pendurados na praça Loreto de Milão.

Junho, 2014

 
 
 

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