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Previsão do tempo

  • Foto do escritor: Beto Scandiuzzi
    Beto Scandiuzzi
  • 24 de jun. de 2022
  • 2 min de leitura

Contrariando minha expectativa, eu que adoro calor, o dia amanheceu feio, sem sol e meio frio, confirmando as previsões dos serviços meteorológicos dos dias anteriores. Digo contrariando as minhas expectativas porque antigamente, com esses serviços ainda precários, incipientes e que mais pareciam adivinhação, as previsões meteorológicas não eram confiáveis e serviam para muito pouco.

Ademais, pouca gente se interessava por elas. E me lembrei de uma piada que vi muito tempo atrás numa revista que mostrava um radialista com o braço molhado para fora da janela anunciando a previsão do tempo: previsão de chuva iminente.

A verdade é que falta essas previsões não faziam, pelo menos quando eu era garoto; nesta época meu pai sabia que havia duas estações no ano, a das águas, de muita chuva, época de plantar, e a da seca quando a chuva era uma raridade e havia que ter as cobertas preparadas para o pouco frio que fazia em junho, principalmente na semana do dia de Santo Antônio, o padroeiro.

Sem muito que fazer ligo para o meu irmão, entocado lá na nossa cidade natal, refúgio eterno do sol e do calor, e ele me diz que não, lá ainda faz calor e tem sol. E se ligo para a minha irmã que mora na capital paulista é provável que ela comente que lá não tem sol, faz frio, mas que de manhã choveu e ao meio-dia o sol brilhava e depois ventou, confirmando as quatro estações diárias que por lá são muito comuns.

À tarde recebo uma ligação telefônica de um amigo argentino, lugar onde as quatro estações estão muito bem marcadas. E ele me diz que lá está fazendo muito frio, com a temperatura perto de zero, o que esclarece a nossa mudança de clima por aqui. Segundo os entendidos, estas frente frias quase sempre vêm de lá.

Eu nunca me interessei muito por esses temas, mais afeitos aos que se dedicam à agricultura, coisa que eu nunca fiz, contrariando o gosto do meu pai, que vivia da terra. Mas se sei alguma coisa a devo a Narciso Vernizzi.

Narciso Vernizzi era um jornalista que popularizou as informações meteorológicas no rádio e na TV, as quais gozavam de grande fiabilidade. Ficou conhecido como O Homem do Tempo. Ouvi dele as primeiras projeções meteorológicas no rádio e aprendi que as nuvens, quanto à aparência, se chamam cirros, cúmulos e estratos.

Eu demorei para aprender o que elas tinham que ver com o tempo. E têm, mas, olhando para o céu, eu jamais pude separar uma das outras. Para mim, são todas umas nuvens vagabundas, que andam para um lado e para outro, sem destino, folgadas, como diria o amigo Rubem Braga que gostava de falar de nuvem.

Junho, 2022

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