Cultura & entretenimento

Recém-chegado e ainda meio desacostumado ao celular, ainda é no jornal que me apego cada manhã, menos pelas notícias, mais por um hábito arraigado dos muitos anos de pré-internet. Se as notícias já são quase todas velhas quando o porteiro o deposita cada manhã na porta do meu apartamento, não acontece o mesmo com a parte de entretenimento, como as palavras cruzadas, Sudoku e as tirinhas em quadrinhos. São sempre atuais.

Dizem que as palavras cruzadas ajudam a acelerar o raciocínio e a adiar as doenças do cérebro. Têm sua origem no Egito no século IV a.C., mas quem as popularizou foi um inglês, Arthur Wynne, quando as publicou por primeira vez em 1913 em um jornal americano. Me lembro perfeitamente da primeira palavra cruzada que fiz num jornal atrasado que chegava no nosso lugarejo assessorado por um primo. Uma das linhas perguntava: ela pertence aos namorados, três letras. E eu nunca esqueci a resposta.

As tirinhas também surgiram nos jornais no início de século passado nos Estados Unidos e de lá ganharam o mundo. Desde então são parte sagrada em qualquer jornal que se edite. Quais as minhas preferidas? Difícil não gostar do Recruta Zero, preguiçoso, folgado e sempre metido em encrencas com o sargento. E do viking Hagar, o Horrível, preocupado em atacar os castelos da Europa, especialmente os da Inglaterra, comer, beber, e sempre tentando escapar da esposa Helga e de suas tarefas domésticas.

Outra diversão popular nos jornais é o Sudoku, um jogo matemático que se popularizou no Japão nos anos 80 do século passado e, mais recentemente, de forma internacional. Joguinho preferido da moça-que-manda-em-mim, confesso que, mesmo adepto da matemática, tenho muitas dificuldades cada manhã em alinhar os números de 1 a 9 sem repeti-los em cada quadradinho.

Jogar paciência é um jogo que aprendi quando me casei. A moça se demorava em se aprontar para sair. Eu me irritava. O joguinho me salvou. Hoje, está disponível no celular, junto a outros jogos tradicionais como o jogo da velha, caça-palavras, jogo dos sete erros, etc.

E a coisa não fica por aí, novos jogos aparecem cada dia e se vão viralizando na internet. Um desses é o Wordle, novíssimo na praça, e que, segundo dizem, o New York Times o comprou por 1 milhão de dólares. Um jovem americano criou o passatempo para divertir a moça-que-manda-nele na pandemia. Daí para o mundo foi questão de meses. Todos os dias o jogo elige uma palavra de cinco letras que os jogadores tentam adivinhar em seis tentativas. Parece mais de sorte que raciocínio.

Se eu já o provei? Não, prefiro seguir com as diversões que o jornal me traz cada manhã. E continuar jogando paciência com um velho baralho ensebado COPAG de outros tempos, enquanto espero que se arrume e fique ainda mais linda a moça-que-manda-em-mim.

 

Setembro, 2023

8 comentários sobre “Cultura & entretenimento”

  1. Mais uma crônica maravilhosa do Beto.Agora falando sobre cultura e entretenimento ou melhor as mudanças com o passar dos tempos do Jornal impresso para a internet.E de um modo muito gostoso.Parabéns.

  2. Se a moça que manda em ti demorar muito para se arrumar vira princesa. Muito boa crônica. Rica em informações e história. Está escrevendo muito bem.
    Parabéns!!! Abraço!!!

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